Caros Leitores,
Para quem não me conhece ou para quem me conhece pouco, gostaria que soubessem que eu, Maurício Porto, sou Professor de Desenho, Perspectiva e de Representação e Computação Gráfica de Arquitetura. Sou também Ilustrador, principalmente de Arquitetura. Em 2006, aos 62 anos de idade, recebi o Título de ¨Sócio Honorário do Instituto de Arquitetos do Brasil / IAB- RJ¨, sendo o terceiro auto-didata a ser homenageado por esta Instituição. Estou em ótima companhia, pois os outros dois são : Robeto Burle Marx e José Zanine Caldas. Burle Marx e Zanine ganharam o título de ¨Arquitetos Honorários¨ e eu o de ¨Sócio Honorário¨, porque segundo o presidente do IAB que me indicou, Jerônimo de Moraes, o IAB não poderia me dar o título de ¨Professor Honorário¨, por não ser uma Instituição de ensino. Mas, como ensinei para mais de 4500 arquitetos e dezenas de professores universitários, a homenagem, segundo ele, já estava vindo tarde.
Estudei um quase nada de arquitetura. Fiz o 1º ano no Fundão em 65. Anos mais tarde, cursei uma faculdade à noite, só para obter o diploma, mas, acabei desistindo. Comecei a trabalhar também em 65, sempre com bons arquitetos, o que muito ajudou. Mauro dos Guaranys, Marcos de Vasconcellos, Paquito ( Vicente Más), Walmir Amaral e Pedro Augusto de Vasques Franco ( os dois últimos de Henrique Mindlin Associados ), estes sim foram meus mestres.
Mas, com certeza, mesmo que indiretamente, aprendi muito com meu irmão Carlos Porto, ouvindo as suas opiniões e vendo seus projetos. Carlos é um craque, é o arquiteto do ¨Engenhão¨. Como diz Oscar Niemeyer: ¨O arquiteto nasce arquiteto¨. Carlos nasceu arquiteto.
Paralalemente aos meus empregos, fiz centenas de perspectivas para arquitetos e construtoras, durante anos. Em 1976 quando sai de ¨Henrique Mindlin Associados¨, montei um escritório em casa e comecei a fazer meus primeiros projetos de arquitetura. Assim fui fazendo projetos e perspectivas até que em 1981, decidi fechar o escritório. Desisti da Arquitetura e abondonei a faculdade. Resolvi viver novamente de desenhos, fazendo ilustrações, sonhando sempre em arranjar um tempo para voltar a estudar e tocar piano, a minha grande paixão, principalmente o jazz !!!
Eu não tinha a menor idéia que esta decisão tomaria outro rumo e no mesmo ano me levaria a me tornar Professor. Fechado o escritório, as quatro arquitetas que trabalhavam comigo me pediram para ensinar-lhes como eu fazia as minhas perspectivas, porque o que aprenderam na faculdade era insuficiente. Sinceramente, eu não sabia o que era ensinado nas faculdades. Não fiz essa cadeira no Fundão porque abandonei o curso no 1º ano e nem na faculdade que cursava à noite pois meu professor me liberou da presença.
Era eu mesmo quem fazia as perspectivas do escritório em que ele trabalhava..Ensinei então o que eu sabia e as aulas logo se transformaram num curso, porque as alunas aprenderam, gostaram e passaram a me indicar para seus colegas. A divulgação do curso foi espontânea, se espalhou e 3 meses depois eu não tinha mais tempo e espaço para atender todos os alunos que me procuravam. Percebi que havia descoberto um imenso vazio e que só me restava ocupá-lo. Logo em seguida, ainda em 1981, iniciei oficialmente minha carreira de Professor de Perspectiva, quando uma amiga, a arquiteta Marcia Mello, então Diretora Cultural do SARJ / Sindicato dos Arquitetos do Rio de Janeiro, sabendo do meu curso me convidou para ministrá-lo no IAB / Instituto de Arquitetos do Brasil. Criei em seguida um curso de Croquis de Arquitetura e outro de Apresentação de Projetos. Aí começou uma nova história. Lecionei no IAB sem interrupções até o fim de 1985. Em 4 anos, foram mais de 50 cursos com 30 horas de duração com um total superior a 1250 alunos. Sou o professor que teve mais alunos na história desta instituição, onde até 2005 mantive cursos periódicos.
Em junho de 1982, comecei o meu curso de Desenho de Observação a pedido do meus alunos do IAB. Foi um trabalho de pesquisa com um pequeno grupo que reunia em minha casa e durou um ano. Tinha a forma de um curso, era quase gratuito e não tinha prazo para acabar. Os alunos podiam sair ou entrar quando quizessem, desde que a turma tivesse um mínimo de 3 alunos e o máximo de 8. Criei vários exercícios, de que me utilizo até hoje, baseado nas minhas estratégias para desenhar. Após três meses, os resultados começaram a aparecer. Senti então que um novo curso estava nascendo.
Os desenhos acima são de um aluno do meu curso de desenho do ano seguinte, 1983.
Marcos era estudante de arquitetura e já tinha feito a cadeira de Desenho Artístico na faculdade que cursava. Em menos de um mês o avanço foi notável.
Desenhar se ensina. Desenhar se aprende. Por isso mesmo, desenho e ensino!
Até a próxima,
Santa Teresa, 7 de novembro de 2007.