No início da década de 60, Shoji Kamei já ensinava o caminho do Vazio. Fazia ver a seus alunos a importância de se perceber o espaço entre as coisas, o Vazio.
Shoji, é um arquiteto nipo brasileiro, que em 1962, foi professor de desenho de meu irmão Carlos Porto , num curso pré-vestibular de arquitetura do Rio de Janeiro. Seus desenhos e o seu traço tem a pureza e a suprema beleza de um jardim Zen. Ainda muito jovem, ensinava com extrema elegancia. Possuia a simplicidade dos Mestres. Nasceu Mestre! No ensino do desenho é o melhor que já vi.
Só conheci Shoji Kamei, em 1971, quando éramos colegas de trabalho no Curso Vetor. Ele como professor de Desenho e eu como professor assistente da cadeira de Física. Às vezes ele me convidava para assistir as suas aulas.
Shoji sabia das minhas notas dez em desenho nos dois exames vestibulares que fiz, e não entendia o fato de eu insistir em ser professor de física e não de desenho. Eu o tratava como Sensei,
O Mestre, e ele me devolvia a gentileza. Uma vez, brincando comigo disse: - Já que você me considera um Mestre por que não vai ser professor de desenho de um curso concorrente ? Assim terei um adversário à altura. Naquele instante, o Rio de Janeiro virou Japão e nós dois, Samurais de Akira Kurosawa.
Para o Mestre Shoji Kamei.
Santa Teresa, Rio de Janeiro, 4 de abril de 2008.