Caros leitores,
No final de 1982, tive acesso ao livro da professora Betty Edwards, Drawing on the Right Side of the Brain, lançado em 1979. Este passou a ser, então, o objeto principal de minha pesquisa para o ensino do desenho, em função dos resultados apresentados que eram realmente inacreditáveis. Mergulhei fundo no livro.
No final de 1982, tive acesso ao livro da professora Betty Edwards, Drawing on the Right Side of the Brain, lançado em 1979. Este passou a ser, então, o objeto principal de minha pesquisa para o ensino do desenho, em função dos resultados apresentados que eram realmente inacreditáveis. Mergulhei fundo no livro.
Em princípio achei os fundamentos teóricos interessantes em função da declaração publicada na contracapa, feita pelo Dr. Roger Sperry (Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 1981), elogiando o trabalho. Mas, mesmo assim tinha minhas dúvidas. Apesar da declaração do Dr. Sperry, me parecia ser óbvia a impossibilidade de se ensinar apenas a um lado do cérebro, sem a participação do outro, como propunha a professora. Afinal ela estava aplicando seu método em pessoas cujos cérebros eram normais, o oposto dos pacientes da pesquisa do Dr. Roger Sperry, que tinham tido seus hemisférios cerebrais separados cirúrgicamente.
O que realmente me interessava, era saber como a professora Betty Edwards tinha obtido aqueles resultados. Não acreditava no que ela chamava de fazer a ¨passagem¨ do hemisfério esquerdo para o direito, pois desconfiava que não ¨era bem por aí ¨. Apesar do livro tocar em pontos importantes sobre o ensino do desenho, achei também que a linguagem por ela utilizada era otimista e ¨auto-ajudesca¨ demais, para o meu gosto. Minha experiência pessoal e a que tinha com meus alunos não indicavam tal facilidade.
Então só me restavam os exercícios propostos e neles me concentrei. Deles, eu só não conhecia dois: O do desenho de contorno de Kimon Nicolaides ( também conhecido como desenho cego) e o de copiar desenhos de cabeça para baixo, que ela dizia ser de sua autoria.
Dois anos mais tarde, em 1984, escrevi no prefácio da primeira edição do livro de Betty Edwards no Brasil, Desenhando com o Lado Direito do Cérebro : ¨A execução de croquis de cabeça para baixo, por exemplo, era recomendada pelo professor Jay Doblin em 1956¨. Jay Doblin, foi um excelente designer norte-americano, além de um brilhante professor. Foi Presidente da ASID ( The American Society of Industrial Designers ) e da IDEA ( Industial Design Educators Association ). No seu livro Perspective, a new system for designers, que eu tenho, encontra-se, acompanhada de um croquis, a recomendação que citei . O seu trabalho foi tão importante, que sua morte em 1989, foi notícia de primeira página de um jornal do Rio de Janeiro.
O que realmente me interessava, era saber como a professora Betty Edwards tinha obtido aqueles resultados. Não acreditava no que ela chamava de fazer a ¨passagem¨ do hemisfério esquerdo para o direito, pois desconfiava que não ¨era bem por aí ¨. Apesar do livro tocar em pontos importantes sobre o ensino do desenho, achei também que a linguagem por ela utilizada era otimista e ¨auto-ajudesca¨ demais, para o meu gosto. Minha experiência pessoal e a que tinha com meus alunos não indicavam tal facilidade.
Então só me restavam os exercícios propostos e neles me concentrei. Deles, eu só não conhecia dois: O do desenho de contorno de Kimon Nicolaides ( também conhecido como desenho cego) e o de copiar desenhos de cabeça para baixo, que ela dizia ser de sua autoria.
Dois anos mais tarde, em 1984, escrevi no prefácio da primeira edição do livro de Betty Edwards no Brasil, Desenhando com o Lado Direito do Cérebro : ¨A execução de croquis de cabeça para baixo, por exemplo, era recomendada pelo professor Jay Doblin em 1956¨. Jay Doblin, foi um excelente designer norte-americano, além de um brilhante professor. Foi Presidente da ASID ( The American Society of Industrial Designers ) e da IDEA ( Industial Design Educators Association ). No seu livro Perspective, a new system for designers, que eu tenho, encontra-se, acompanhada de um croquis, a recomendação que citei . O seu trabalho foi tão importante, que sua morte em 1989, foi notícia de primeira página de um jornal do Rio de Janeiro.
O desconhecimento por parte de Betty Edwards da obra de Doblin, é para mim, de certa forma, um pouco estranho. Sua formação foi em Arte e ela estudava na Califórnia. Informação não lhe faltava. Mas, se ela morasse no Rio de Janeiro, como eu, talvez ela tivesse a oportunidade única que tive de conhecer vários professores da ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial), onde em 1985 ministrei cursos para alguns deles e seus melhores alunos. Desde 83, na hora do almoço, saía do MAM ( Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), onde eu lecionava, e às vêzes dava um pulo na ESDI para encontrar meus amigos Roberto Vershleisser e Léo Visconti, ambos professores de lá. Foram eles que me falaram de Jay Doblin e de sua obra, nos nossos papos eventuais, regados moderadamente a chopp-escuro, no Bar Luiz. Como hoje estou irônico, não vou deixar passar essa; na cidade em que ela nasceu, ou estudou, não tinha um jornal chamado JB, uma Faculdade chamada ESDI, nem muito menos um senhor bar chamado Bar Luiz.
A imagem acima é a da proposta do Professor Jay Doblin, estimulando a execução de croquis feitos de cabeça para baixo. Ela está na página 61 do seu livro Perspective a new system for designers , publicado pela WHITNEY LIBRARY OF DESIGN, edição de 1977. A primeira edição do livro é de 1956. Reproduzo aqui o texto que acompanha o desenho: An advanced exercise: As an execise to climax these skills, practice drawing complex figures upside down.This exercises puts an immense strain on the draftsmen's knowledge of freehand drawing. Tradução: Um exercício avançado: Como exercício para chegar ao limite de suas habilidades, pratique desenhar figuras complexas de cabeça para baixo. Este exercício gera um imenso desafio à habilidade do desenhista à mão livre.Se vocês quiserem ver o texto ampliado, basta clicar na imagem.
Os desenhos lá de cima, antes do início do texto, foram feitos por duas pessoas extremamente importantes no desenvolvimento deste meu trabalho. O 1º é um desenho de Ana Teresa, Designer formada pela ESDI, que me emprestou o livro de Betty Edwards em 1982. Foi assim que ela me desenhou numa aula em 83. O 2º é do meu grande amigo, citado neste texto, o Mestre Roberto Vershleisser. Foi assim que ele desenhou o meu perfil, também em 83. Até a próxima,
Santa Teresa, Rio de Janeiro, Brasil, 7 de novembro de 2007